O universal advém como singular. Apontamentos sobre os finais de análise
Resumen
Este trabalho discute a problemática dos finais de análise, buscando tensionar as relações entre universal e singular no interior da práxis psicanalítica. Reafirmamos, nesse sentido, o lugar das singularidades no percurso analítico, a partir do qual o universal surge como aquilo que não se deixa totalizar, revelando, assim, o singular na impossibilidade do idêntico. Inspiramo-nos, aqui, no pensamento do filósofo Alain Badiou, para quem, a singularidade universalizável rompe, necessariamente, com a singularidade identitária, corroborando a proposta freudiana de que a cura implica a elaboração e experimentação de uma nova ordem, colocando em questão os regimes positivos de determinação. Diante do impossível de ser a verdade toda ela dita, questionamos os contornos que desenham os finais de análise, uma vez que a experiência da linguagem extrapola o campo da comunicação e aponta para os impasses de formalização dos finais de análise.
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