O universal advém como singular. Apontamentos sobre os finais de análise

Autores/as

  • Renata Mota-Naunheim Universidade Federal de Campina Grande
  • Tiago Iwasawa Neves Universidade Federal de Campina Grande
  • Juliano Moreira Lagôas Centro Universitário de Brasília

Resumen

Este trabalho discute a problemática dos finais de análise, buscando tensionar as relações entre universal e singular no interior da práxis psicanalítica. Reafirmamos, nesse sentido, o lugar das singularidades no percurso analítico, a partir do qual o universal surge como aquilo que não se deixa totalizar, revelando, assim, o singular na impossibilidade do idêntico. Inspiramo-nos, aqui, no pensamento do filósofo Alain Badiou, para quem, a singularidade universalizável rompe, necessariamente, com a singularidade identitária, corroborando a proposta freudiana de que a cura implica a elaboração e experimentação de uma nova ordem, colocando em questão os regimes positivos de determinação. Diante do impossível de ser a verdade toda ela dita, questionamos os contornos que desenham os finais de análise, uma vez que a experiência da linguagem extrapola o campo da comunicação e aponta para os impasses de formalização dos finais de análise.

Biografía del autor/a

Renata Mota-Naunheim, Universidade Federal de Campina Grande

Graduada em Psicologia pela UFCG.

Tiago Iwasawa Neves, Universidade Federal de Campina Grande

Professor Associado da Unidade Acadêmica de Psicologia (UAPSI) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutor em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Atua na área de Psicologia, com ênfase em Clínica Psicológica, principalmente nos seguintes temas: psicanálise, clínica, ciência, epistemologia e política.

http://lattes.cnpq.br/8224528425103648

Juliano Moreira Lagôas, Centro Universitário de Brasília

Psicanalista, graduado em Psicologia pela Universidade Federal de São João Del-Rei/MG (2006), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos/SP (2010) e Doutor em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (2016). Atualmente, é professor de psicanálise e epistemologia nos cursos de graduação e mestrado em psicologia no Centro Universitário de Brasília (UniCeub), onde coordena o projeto de pesquisa Psicopatologia Clínica, Epistemologia e Políticas do Sofrimento Psíquico. Tem experiência nas áreas de Psicologia e Filosofia, com ênfase em Psicanálise, Epistemologia, História da Clínica e dos Sistemas Psicológicos. Atua principalmente nos seguintes temas: Sujeito, Percepção, Corpo, Psicopatologias e Políticas do sofrimento psíquico.

http://lattes.cnpq.br/5987952279333424

Citas

Adami, F. S.; Kessler, C. H.; Dunker, C. (2021). Ato analítico e a potência clínica do indeterminado. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental [online], 24, 4, 543-569. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1415-4714.2021v24n4p543.4

Asofaré, S.; Sauret, M.-J. (2015). A contribuição ética da psicanálise ao mundo da globalização: apoiar-se no sintoma. Analytica, 4, 6, 7-27.

Badiou, A. (2008). Oito teses sobre o universal. ETHICA, 15, 2, 41-50. Disponível em: https://estudosbadiouianos.files.wordpress.com/2012/12/badiou-oito-teses- sobre-o-universal.pdf

Carvalho, W. M. de; Neto, O. F. (2019). Singular e universal em Alain Badiou e a hipótese da cientificidade da psicanálise. Psicologia USP, 30. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-6564e180072

Dunker, C. (2015). Mal-estar, sofrimento e sintoma: uma psicopatologia do Brasil entre muros. São Paulo: Boitempo, 2015.

Dunker, C.; Perón, P. R. (2002). Usos e Sentidos da Cura na Psicanálise de Freud. Percurso. Revista de Psicanálise, XV, 28, 83-90.

Encontro Americano do Campo Freudiano 3 (2007), Argumento XV. Disponível em: http://ea.eol.org.ar/03/pt/template.asp?argumento/argumento.html

Freud, S. (1900a). A Interpretação dos sonhos. Porto Alegre: L&PM, 2015.

Freud, S. (1900b). Carta a Fließ 242. En Fundamentos da clínica psicanalítica. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

Freud, S. (1915). O Inconsciente. Em Obras Completas, volume 12. São Paulo: Cia das Letras, 2010.

Freud, S. (1925). A negação. São Paulo: Cosac Naify, 2014.

Freud, S. (1937). A análise finita e a infinita. Em Fundamentos da clínica psicanalítica. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

Guerra, A. M. C. (2019). Universal, particular e singular: Psicanálise e Política. Clínica & Cultura, 8, 1, 7-23.

Lacan, J. (1958). A direção do tratamento e o princípio de seu poder. Em Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.

Lacan, J. (1959-60). Seminário, livro 7: a ética da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008.

Lacan, J. (1961-62). Seminário, livro 9: a identificação. Recife: Centro de Estudos Freudianos do Recife, 2003.

Miller, J.-A.. (1995). Como terminam as análises. Rio de Janeiro: Zahar, 1995.

Montero, J. C. (2008). O sujeito do Fim de análise: um novo sujeito? Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/30372583.pdf

Neves, T. I. (2018). Dimensões da cura em psicanálise: clínica, política e transformação. Curitiba: CRV.

Neves, T. I. (2020). O universalismo da cura em Freud. Ágora, 23, 1, 21-29. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1809-44142020001003

Oliveira, H. M. de; Neves, T. I. (2013). Considerações sobre a formação do analista: ética, saber e transmissão. Cadernos Psicanálise 35, 28, 91-110. Disponível em: http://cprj.com.br/cadernos-de-psicanalise-n-28/

Pereira, M. E. (2000). Pânico e desamparo: Aspectos Teóricos e Clínicos do Manejo da Situação Analítica com Pacientes com Transtorno de Pânico. Psicanálise - Revista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre, 2, 1, 181–202. Disponível em: https://revista.sbpdepa.org.br/revista/article/view/35

Perron, R. (1995). Prendre pour vrai. Revue Française de Psychanalyse LIX, 499-512.

Pinto, J. M. (2008). Psicanálise, feminino, singular. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.

Pommier, G. (1990). O desenlace de uma análise. Rio de Janeiro: Zahar.

Safatle, V. (2017). Lacan, revolução e liquidação da transferência: a destituição subjetiva como protocolo de emancipação política. Estudos Avançados [online], 31, 91, 211-227. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s0103-40142017.3191016

Safatle, V. (2011). Paranoia como catástrofe social: sobre o problema da gênese de categorias clínicas. Trans/Form/Ação, 34, 2, 215-236. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-31732011000200012

Soler, C. (1995). Variáveis do fim de análise. Campinas: Papirus.

Turriani, A.; Dunker, C.; Neto, F. K.; Lana, H.; Reis, M. L.; Beer, P.; Lima, R. A.; Bertanha, V. (2019). Patologias do social: Arqueologias do sofrimento psíquico. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

Žižek, S. (1991). O Mais sublime dos histéricos: Hegel com Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

Descargas

Publicado

2024-07-15

Número

Sección

La trinchera del psicoanálisis (contribuciones arbitradas)